segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ESPAÇO DA DESCOBERTA

Compartilhe conosco o que despertou o seu interesse, a sua curiosidade e te fez refletir nos últimos tempos... Não permita que a sua sensibilidade fique adormecida, por isso sinta o mundo e se espante com ele.

 "Eu tô te explicando pra te confundir
  Eu tô te confundindo pra te esclarecer
  Tô iluminado pra poder cegar
  Tô ficando cego pra poder guiar." (Tom Zé)

11 comentários:

  1. “Qual a palavra que representa o desconhecido que sentimos em nós mesmos?” Clarice Lispector

    Me perceber no mundo, assusta!
    Ser um sozinho e ser UM com tudo. Existir é encarnar este paradoxo. É sentir vivo dentro do peito este mistério, este problema sem solução, esta contradição tão absurda e ao mesmo tempo tão real.
    Se existimos - e sim, existimos - é como um ser individual sozinho. Falo da simples experiência de existir e de ser sempre estranho,estrangeiro, sem lugar, único. A existência é conflito, é luta, é impermanência, é movimento, é constante mutação, transformação, é um eterno vir-a-ser.
    A experiência de existir é solitária, é de cada um, sozinho. Mas, justamente por ser um sozinho, existindo, já está participando da Existência junto com tudo que existe. Sem separação, sem diferença, sem fronteira. Sendo UM com tudo na Existência.
    Este paradoxo está presente na obra de Schopenhauer quando formula o mundo do indivíduo que se sente separado, único, só, o Mundo como representação; e o mundo que se apresenta para além das individualidades, no qual tudo é Um, o mundo como Vontade.
    Também Nietzsche na obra O Nascimento da Tragédia expressa esta contradição, este permanente conflito, com seus conceitos de apolíneo: impulso de ordem, aparência, beleza, individuação; e dionisíaco: a dissolução do indivíduo que retorna à natureza, já não se sente separado, mergulha no Um primordial, ou: sente-se Um com tudo o que existe.
    Tento entender o que está acontecendo, tento tornar o mundo algo conhecível, algo concebível, algo minimamente confortável. Busco compreender o conflito interminável do mundo com formas permanentes, nomes, conceitos, teorias, lógicas.
    Mas, a existência permanece indiferente, persiste em ser este movimento contínuo, sem razão, "além de bem e de mal", sem formas estáticas, indefinível, inapreensível. Sem possibilidade de descrição satisfatória, ou de entendimento completo.
    Existimos! E não podemos não existir. Não podemos parar o movimento, não podemos acabar com o conflito, não podemos saltar para fora do jogo, não podemos sumir, não podemos nem sequer "ser", apenas devir!
    Ser um sozinho e ser Um com tudo: nossa condição, nossa condenação, nossa contradição. Quem de vocês não sabe do que estou falando?
    A grande questão é... Que fazer com tudo isso?
    Existir? Afirmar o conflito? Sentir? Sofrer? Sorrir? Contemplar? Viver? Fantasiar?
    Sempre me deparo com pessoas que se contentam com a primeira planície que encontram para construir uma casinha confortável. Ora, por que não escalar montanhas? Por que não questionar, investigar, tentar entender? Se há para nós esta possibilidade, por que não nos utilizarmos dela? Por que nos acomodar sobre nossas verdades ao invés de usá-las como degraus e saltar por sobre elas? Por que não ir além? Podemos ir além! Podemos dar saltos cada vez maiores de consciência, de inteligência.
    O que tem nos faltado? Força? Coragem? Tá tudo aí a nossa disposição, mas nadar contra a corrente e escalar as montanhas é perigoso, tem muita pedra rolando lá de cima... o ‘POR QUE’ dói... Quem está preparado pra sujar as mãos e tomar pedrada na cara?
    é nos ultimos tempos acho que é isso que ando refletindo...

    ResponderExcluir
  2. É, Angélica, novamente me identifiquei muito com o seu texto!!! Acho incrível poder partilhar experiências com quem sofre! Mas estou pensando o sofrimento no sentido amplo da palavra, ou seja, viver com intensidade, ter muitas experiências, se incomodar com elas, ser afetado pelo mundo, afetar o mundo, sentir a dor e a delícia de ser o que é, trocar sensações e não fugir dos seus efeitos. Acho isso tão lindo!!! Não consigo conceber a vida sem esse sofrimento, sem essa intensidade, sem esse incômodo constante, ou seja, sem o movimento. Se fosse preciso escolher, certamente eu escolheria o devir - o eterno vir a ser - e abriria mão da estabilidade. Porque quero escalar as montanhas!!! Quero desviar das pedras, mas também quero levar pedradas, chorar com a dor e depois me alegrar de ter aprendido a suportá-la.

    Na verdade, ultimamente tenho pensado muito sobre as coisas com as quais me identifico, sobre as coisas com as quais todos nos identificamos... Isso é possível?
    Percebo que o que é verdadeiro, profundo, realmente humano, vivido, sentido, sofrido é passível de identificação por qualquer pessoa. E isto tem me deixado feliz, porque percebo que quando faço algo com muita entrega - porque acredito muito naquilo - as outras pessoas também o valorizam, “botam fé”, ajudam-me a levar para a frente, respeitam-me. Acho que aí está, para mim, nesse momento da minha vida, o grande impulso da existência. Buscar o que é verdadeiro, ser honesta comigo mesma, estar presente em cada momento de vida, em cada escolha, em cada respiração.
    Descobri o óbvio: que respirar é a tarefa mais importante enquanto estamos vivos, existindo. E como banalizamos a respiração, não usufruímos desse movimento incessante, dessa nossa força vital, disso que nos torna seres de anima (ANIMADOS). Corremos o tempo todo, nos preocupamos, nos tensionamos, nos bloqueamos e, no meio disso tudo, esquecemos de respirar... Não no sentido literal, porque é claro que respiramos (senão morreríamos), mas não estamos presentes de fato em nossa respiração, realizamos esse movimento mecanicamente. E ser mecânico não é ser humano de fato!!! Porque, no nosso micro poder, no nosso micro mundo, podemos ter controle da nossa fonte de energia (de recarga de energia) que é a respiração, podemos escolher como agir, o que falar, o que ser, com quem viver... Por mais que existam N fatores que limitem a nossa liberdade. E insistimos em sermos mecânicos: escolhemos o que está na moda; buscamos o que dá dinheiro; comemos o que os fast-food anunciam; nos relacionamos como todos se relacionam (se o que está na moda é pegar, pegamos; se é pegar homem e mulher, pegamos; se é casar na igreja, casamos; se é poligamia total...); consumimos o que anunciam; votamos em quem nos traz benefícios imediatos; estudamos o que tem utilidade, se possível naquele momento; ouvimos o que é TOP 5, 10; e no meio disso deixamos de ser em nós mesmos. Por isso, para mim, o mais complicado não é existirmos sozinhos (isso é um fato, é doloroso, mas está posto, não há o que fazer), mas existirmos e não sentirmos de fato a nossa existência. É não estar presente e consciente em cada momento da minha vida. Fico triste quando percebo o tempo que passo ausente de mim mesma, embora existindo...
    Mas, ao mesmo tempo, hoje já consigo me alegrar com os segundos de presença que desfruto e me ligo a eles de uma forma tão apaixonada, que sempre que consigo perceber busco novamente a presença. Descobri a RESPIRAÇÃO... E sempre que volto minha atenção para ela sou presença e sou prazer. Recarrego-me com a energia do prazer e assim sou feliz, sou animada, sou entusiasmada; me entusiasmo com o meu próprio ânimo, meu espírito, meu daímon.

    BEIJOS.

    ResponderExcluir
  3. Buscar o que é verdadeiro, tem como?? de fato fazer isso??

    Concordo com as duas, concordo que faltam nas pessoas a vontade de SER, o modo como fazem as coisas por causa do "mundo moderno" fez com que a maioria perdessem esses momentos de solidão e interação com sua individualidade, com sua respiração, ou com seu olhar sobre as coisas, seus momentos de reflexão.

    Escalar montanhas, se angustiar com problemas, sofrer, chorar, gritar, ser sozinho, feliz, dançante, pensante, e muitas outras coisas, que foram por muitos esquecidas, deixadas de lado.

    As vezes isso me irrita profundamente, me entristece, porque penso que as outras pessoas não sentem o mundo da forma grandiosa como ele pode ser sentido, sim eu me preocupo com os outros até nisso.

    A filosofia tem me mostrado isso, o quanto posso mergulhar em coisas, em pessoas, em experiências, em tudo, de uma forma profunda e gratificante, ou não. E nisso eu tenho visto que essa proliferação do "ser máquina", infelizmente acontece já nos primeiros anos de vida, e isso me choca, me decepciona muito com a raça da qual faço parte. Mas me considero comum, não mecanizada, pelo menos não a ponto de "deixar de ser humana", e descobri que isso me deixa feliz, os momentos em que me aprofundo em um determinado pensamento ou ritmo, tem sido pra mim um dos mais felizes momentos do qual estou vivenciando.

    Descobri, que de fato, sou bastante questionadora, pensante, angustiada, as vezes muito chata, outras muito sorridente, e que essas características foram conquistadas, aos poucos por mim mesma, coisas que fazem parte da minha individualidade, e que eu não permiti que fossem massificadas.

    Enfim, no momento é isso que tenho para compartilhar.

    Beijossssss ^^

    ResponderExcluir
  4. “Acho incrível poder partilhar experiências com quem sofre!” Eu também! assim como me decepciono com as pessoas ‘das casinhas confortáveis’, me encho de ânimo com as pessoas que escalam as montanhas de fato, as que não evitam as pedras e como disse a Dili vive a dor e depois alegra-se por aprender a suportá-las.
    Viver intensamente os momentos de dor penso eu é indispensável para nossa existência. Assim como as grandes alegrias, a dor também ensina muito... as vezes ensinam até mesmo como não agir, como não ser o que não fazer, mais ensinam... Fizemos de nossas vidas uma clausura sem virtudes; nos tornamos prisioneiros de cartões de crédito, olhamos o ser humano como “coisa” que é valorizado pelo que tem e não pelo que é, vistos apenas como objetos não percebendo a sacralidade desse. E isso porque ficamos a margem de nós mesmos, optamos pelas ‘modinhas’, citadas pela Dili, muitas vezes não sentimos a nossa existência, por “não sofremos com a angústia das pequenas coisas ridículas”, que na verdade de ridículas não teem nada, a não ser para os semideuses de nossa sociedade. Penso que o ‘Outro’ é fundamental para mim, reconheço-me no social, pois me faço no social, mas esse não me determina; (ou pelo menos não deveria).
    Sinto falta de parceiros leais, que não se mostrem superiores nem inferiores, mas iguais... pessoas com coragem para criar, enfrentar desafios, correr riscos sem medo de errar, que defendam a liberdade, tenham responsabilidade, determinação que respeite as diferenças, reconheçam que a diferença é fundamental para estabelecer as bases sociais, percebam a necessidade de respeitar as diferenças. Seres racionais, tão racionais que compreendam que é nas emoções que encontramos a razão de viver.
    “Dói mais, cada vez mais, o contato da alma com a vida...” porque cada vez mais descubro a angústia do indeterminado... mas, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.


    Abraceijos!

    ResponderExcluir
  5. Gente de deus!!os comentarios sao verdadeiros posts!!rsrsrsrsrs
    desculpem mais ao invez de ler isso tudo hoje e agora vou jogar outro assunto, porque todos nos sentimos preguiça mesmo de vez enquando!!rsrsrsrs e afinal e o espaço das descobertas!XD
    Muitas pessoas reclamam:"ai tinha muita vontade de fazer tal coisa da minha vida mais não tive oportunidade!"
    essa semana durante um workshop que participei, me deparei com essa questão...ai a Luciana, professora que estava ministrando o workshop rebateu:"devemos cavar nossas oportunidades!"
    achei isso muito interessante porque se você corre atrás alguma coisa você consegue.Não que eu não acredite que você possa não conseguir algo,mas como ja disse se você corre atras algo você consegue...
    de fato existem situaçoes em que as coisas sao muito dificeis mais hoje em dia as pessoas se contentam com muito pouco ou com o mais facil,e muitas vezes o mais facil e desisitir e se acomodar do jeito que esta ou no lugar que se chegou...o que nos leva e fato a lutar pelo que queremos?
    a vontade, o querer pode ser um dos motivos mas hoje em dia nos queremos tantas coisas e temos tantas vontades que não sei se só isso impulsiona esse buscar...ai esta uma bela pergunta para se responder...
    BON APPÉTIT!!!!rsrsrsrsr

    ResponderExcluir
  6. Hoje descobri como é bom ser espontânea, improvisar, fazer o que vem de dentro em cada momento. Quero que essa seja a dança da minha vida. Não preciso mais de certezas, de precisão, de perfeição, de segurança. Quero fazer o meu desejo verdadeiro ser a minha realidade e correr o risco de errar. Valorizo mais o erro do que o acerto! Percebo que o erro me dá muitas possibilidades, o erro contém o devir, o novo, o mistério... Beijos.

    ResponderExcluir
  7. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  8. Hoje descobri que se eu ficar uns dias sem visitar o blog, me perco em meio a tantos comentários e posts incriveis... Como é bom ver essas mentes pensantes trabalhando...^^
    Bjokas...

    ResponderExcluir
  9. Então entre todos os dias no blog, coloque-o como parte de sua rotina: entre no e-mail, no orkut, no mesn e no blog. Hehehehe! Beijos.

    Ps: você é fundamental para a minha existência!

    ResponderExcluir
  10. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  11. Assim já o fiz... Mas não como uma rotina (não gosta dessa palavra), mas como uma necessidade de me exercitar, principalmente a mente... Todos os dias eu já ligo o pc e abro o blog... é inevitável e agradável...Ler os posts, os comentarios...
    Isso parece uma droga. Vicia.
    Sou uma drogada e viciada em filosofia, em filosofança..

    Saudades... Muitas Saudades de você Dili...
    (Você é fundamental para o meu vício)

    ResponderExcluir