sexta-feira, 1 de outubro de 2010

COLETIVO FILOSOFANÇA

Mais uma indagação para o COLETIVO FILOSOFANÇA...

Em Brasília, temos acesso a várias apresentações artísticas gratuitas. Há um público cativo(muitas vezes formado também por artistas) que vai a quase todos os eventos, mas, talvez por estar assistindo a muita coisa ou por não ver originalidade nos espetáculos, demonstra uma reação semelhante a quase tudo que assiste: nada o toca ou o comove. Ouvimos muito esse discurso: o espetáculo foi legal, mas não me tocou! Por que será que as pessoas não estão sendo tocadas? O que precisa ser feito para tocar as pessoas, nesse mundo onde a violência foi banalizada? Será que a insensibilidade já dominou as pessoas? Ou isso ocorre pela falta de originalidade dos espetáculos? Mas temos que ser originais sempre? Não há outra forma de tocar, como, por exemplo, pela verdade do intérprete? 

Então vai a questão: O QUE TE TOCA?

20 comentários:

  1. O Que Me Toca?

    Eu pensei muito quando li esse post. Tipo, pensei em falar da insensibilidade humana, a falta da originalidade , mas quando cheguei em casa, depois do trabalho vi realmente o que me toca.
    Estava assistindo o DFTV e a reporter falava de dois adolescentes que brigaram em frente ao CONIC e um acabou indo a óbito. Na hora em que eu ouvi a reportagem, não dei muito interesse, mas quando a apresentadora do jornal disse que eram dois meninos de 13 e 10 anos... putz, eu pensei: 'o que tá acontecendo com a humanidade'.

    Talvez isso não tenha nada a ver com o post em questão, mas eu percebi o quanto as pessoas se acomodaram com a criminalidade, o descaso, o abandono.

    "A minoridade é a incapacidade de se servir de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. É a si próprio que se deve atribuir essa minoridade, uma vez que ela não resulta da falta de entendimento, mas da falta de resolução e de coragem necessárias para utilizar seu entendimento sem a tutela de outro." (Immanuel Kant)

    Esse pensamento de Kant me fez indagar sobre a covardia, ou não, que a humanidade tem para fazer o novo, fazer diferente.Gente! ele diz tudo. Porque as pessoas não se importam com as crianças de estão na rodoviária pedindo dinheiro pra comprar comida, e nós sabemos que elas irão comprar dorga!? Porque não se importam com a falta de respeito em hospitais publicos, que deixam os pacientes esperando até que não aguentem mais e acabem morrendo? Porque não se importam com as escolas publicas que estão caindo aos pedaços, dando risco aos alunos? Mais ainda, porque não se importam com o escravismo rural que, por sinal, ainda existe aqui no Brasil!?
    Que país é esse?
    até escravismo rural...
    Sabe porque eles não se importam?
    Porque não aconteceu com eles, porque eles não passaram por isso, e ficam vendo, assistindo as notícias e simplismente falam: 'nossa que pena, que dó'.

    ...Nesse caso, com certeza, não é permitido
    argumentar. Deve-se somente obedecer... (Kant)

    Eu acho que se isso não toca no ser humano, putz velho, Deus pode vir aqui e acabar com a humanidade.

    (continua...)

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  2. Pri, eu concordo plenamente com você!!! Adorei a postagem, mas só há uma coisa que acho que corre o risco de acontecer, se não mudarmos nosso comportamento: não será preciso Deus vir aqui e acabar com a humanidade, porque ela tem um potencial autodestrutivo tão grande que se destruirá por si só. Infelizmente...
    Estou lendo um livro excelente e me deparei com algumas passagens que me fizeram lembrar da sua postagem, então, resolvi escrever para vc.

    "(...) o mundo hoje desestimula qualquer refinamento dos sentidos humanos e até promove a sua deseducação, regredindo-os a níveis toscos e grosseiros. Nossas casas não expressam mais afeto e aconchego, temerosa e apressadamente nossos passos cruzam os perigosos espaços de cidades poluídas, nossas conversas são estritamente profissionais e, na maioria das vezes, mediadas por equipamentos eletrônicos, nossa alimentação, feita às pressas e de modo automático, entope-nos de alimentos insossos, contaminados e modificados industrialmente, nossas mãos já não manipulam os elementos da natureza, espigões de concreto ocultam horizontes, os odores que comumente sentimos provêm de canos de descarga automotivos, chaminés de fábricas e depósitos de lixo, e, em meio a isso tudo, trabalhamos de maneira mecânica e desprazerosa até o estresse. (...) quão deseducados e embrutecidos estão os sentidos dos habitantes de nossa modernidade em crise, em decorrência de um ambiente social degradado, de um espaço urbano rude e de uma crescente deterioração ambiental" Duarte Junior, O Sentido dos sentidos, p.18 e 19.

    Beijosss mil.

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  3. A presença, a bondade, a verdade, a simplicidade, a falta de expectativa, a humildade, a beleza (das pessoas, dos lugares, das palavras...), a amizade duradoura, a inocência, etc.
    Me toca se tudo isso que eu descrevi se expressa na ação das pessoas, em cada gesto, inclusive nos gestos, ações e obras artísticas.
    Hoje prefiro ver algo simples, mas verdadeiro e honesto, do que uma superprodução regada a pretensão e arrogância.
    Gosto tanto de ver a pessoa se desarmar, se entregar para a vida e para a sua obra. Ser ela mesma, mesmo que isso seja a maior simplicidade possível e ela esteja correndo o risco de ser criticada por artistas megalomaníacos. Acho que amo o simples! Beijos...

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  4. Qual o tamanho da beleza extrema do imperfeito? Como negar que nos afeiçoamos as idéias tortas e a beleza chula de um dia repleto de horrores urbanos? Nossa evolução chegou! Nossa sociedade já está livre de pensamentos tolos de uma divindade criadora provida de amor a quem chamamos de Deus. Deus? Quem é Deus? Para a sociedade Deus é apenas uma palavra de quatro letras ou um personagem fictício que carrega sobre si nossos pecados e dívidas. “Deus lhe pague!”
    Cada dia mais longe de Deus e suas idéias retrogradas, é como estamos. E esse abandono nos remeta a trilhar um caminho de impiedade e impetuosidade. Ao abandonar o pensamento de um criador abandonamos também sua principal característica, o amor. Assim logo não seremos tocados por nada. Não sentiremos nada pois já estaremos desconectados de nosso âmago. Nosso verdadeiro âmago, que é o templo de Deus. Nesse nosso núcleo, as emoções são intensas e até mesmo insanas. Posso ser tocado! Não estou anestesiado perante uma sociedade destruída.
    Está escrito que a destruição do homem virá pelo próprio homem e que para nossa salvação, devemos ser como os pequeninos (as crianças). Devemos ser emotivos, honestos, amáveis, sinceros, carinhosos, felizes.

    Mas o que objetivamente adianta olhar a mãe passar fome com seu filho, se sentir tocado, e fazer absolutamente nada. O que me toca é ver que foi tocado, e que isso gera em mim uma ação! Uma atitude! E se eu tiver apenas um abraço para dar, é o que farei. Ainda assim, sejamos objetivos, pois no final do dia irei pra casa e me fartarei com alimentos gordurosos, e aquela mãe estará em casa, com fome! Claro que não posso resolver todos os problemas, mas não devo acreditar que sou o único que não está anestesiado frente ao mundo em caos. Atenção pessoas não inertes! Juntos podemos transformar aquele abraço que daríamos em educação, emprego, saúde. Basta que pessoas, que são tocadas com a honestidade das crianças, se unam em prol de um objetivo.

    Dili, vamos nos movimentar?
    http://movimente-ong.blogspot.com
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    Foi mal pelo texto! Rs.. É que senti que poderia expor alguns pensamentos.
    Dili, seria um prazer ir até o filosofança em um dos próximos finais de semana. Creio que o melhor dia para nós seja 16 de outubro, mas peço que você veja o melhor dia e entre em contato com o Breno. Vou falar com ele para evitarmos outras atividades da Movimente no sábado que você escolher.
    Até Breve!

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  5. Fillipe, não te conheço, mas, vou expor um pouquinho o que penso sobre Deus. Ele não se tornou apenas uma palavra de quatro letras, e sim um objeto, onde os dogmas religiosos muitas vezes o comercializam, o constroem como um modelo que nunca errou que devem seguir sempre, e esquecem de seguir elas mesmas, e de elaborar um conceito próprio e uma possível relação única com um Ser supremo. A banalização de Deus ocorreu desde os primórdios da humanidade quando todos tinham uma explicação absurda sobre ele. Porém porque não pensar que Deus está em mim, que está na natureza, como dizia Spinoza, ou que está nas coisas simples? Enfim, vamos mudar de assunto.

    Acredito que o que está acontecendo com a arte é um reflexo do que acontece com o mundo e com a sociedade. Estamos nos tornando seres insensíveis, e mecânicos. Pensar está se tornando desnecessário e cansativo. O olhar e o sentir sobre alguma coisa, qualquer que seja, não só a arte, tem que ser pessoal, de alguma forma ela vai tocar aquele que está vendo, mas só ocorrerá isso se o mesmo estiver disposto a ser tocado.

    Há também, uma desvalorização e banalização da arte, entre as classes economicamente desfavoráveis. Desde muitos anos atrás, a arte tem sido tida como algo supérfluo, e que somente a alta sociedade pode compreender, sentir, e assistir. O desinteresse cultural e o declínio da arte se dão em função disso, e também de muitas vezes a mesma ter como ponto principal sua comercialização.

    Quando o artista dança, ou cria com a alma, e não só visando à perfeição, ou a lucratividade, ou outros fatores menos importantes, alguém vai se sentir tocado. Aquilo poderá mudar a vida de alguém, mesmo com interpretações diferentes da sua. A acessibilidade à arte não é algo tão difícil. O real problema é que nunca houve uma valorização da mesma, como um possível meio de transformação social. Muitas vezes, o público formado por artistas, não se permite sentir, e sim analisar, criticar, apenas olhar superficialmente.

    Amor é algo que existe no ser humano, mas muitas vezes não se sobrepõe, não sei explanar um porque concreto, são apenas impressões que tenho, quanto mais descubro a sociedade em que vivo, mais tenho essa idéia. De que tudo até mesmo o amor humano, ou o próprio amor divino, se tornaram algo comercializável e mecanizado.

    A ação tem que ser pensada, como já defendi na PFD. Mas ela tem que primeiro se concretizar no nosso circulo social, para que através da arte, ou da filosofia, ou de qualquer outro meio, seja qual for o ramo, possamos, eu, você, ou qualquer outro indivíduo, começar a transformar a realidade.

    “O mundo hoje desestimula qualquer refinamento dos sentidos humanos e até promove a sua deseducação, regredindo-os a níveis toscos e grosseiros.” Isso é muito notável, e é uma das coisas que venho me questionando ultimamente. O mundo. Mas o mundo somos nós, essa cambada de desligados, onde os interesses da minoria prevalecem, onde pessoas ainda morrem de fome. A humanidade é auto destrutiva. Porém, como comentei no meu blog, ainda existe um pequeno grupo de pessoas, que de fato se apresentam pessoas, que sentem, que questionam, que procuram fazer a diferença, que vêem a felicidade e o prazer nas coisas simples e que se importam essas pessoas ainda merecem a minha fé. Não sei se valerá a pena, mas tentarei.

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  6. Caro Felipe, por favor não me peça desculpas por um texto tão profundo e repleto de verdade. Isso me toca, ver pessoas como você que não está inerte nesse mundo em que as vezes seria melhor ficar inerte, diante de tantos problemas, tantas injustiças, tanta fome, tanta pobreza! Adorei sua participação em nosso blog. Nosso, porque agora ele também é seu e por isso espero te ver sempre por aqui. O blog também é o Filosofança, ou seja, você já está participando do nosso trabalho.

    Convite aceito! Vamos nos movimentar sim e transformar o nosso abraço em educação, saúde e tudo o mais que precisarmos fazer para que o nosso movimento faça diferença no mundo.

    O melhor dia para vocês irem ao Filosofança é dia 30/10, será que pode ser? Porque dia 16/10 eu não estarei em Brasília e dia 23/10 já programamos outra atividade. Aguardo a resposta. Um grande abraço, Dili.

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  7. Gabi, adorei, amei o seu comentário, principalmente quando você fala que o público formado por artistas "não se permite sentir, e sim analisar, criticar, apenas olhar superficialmente." Acredito muito nisso e percebo que nós artistas somos os primeiros a boicotar a arte. Chegamos em um momento que abdicamos de pensá-la e senti-la seriamente como uma possibilidade de transformação da realidade e queremos, com ela, enriquecer, fazer sucesso, ser bajulado por nosso pares, ser considerado gênio, melhor do que os demais, especiais... Aí nos perdemos de nós e perdemos a capacidade de realmente tocar alguém com nossa obra. Não que eu acredite ou defenda que artista tem que ser um franciscano, ou seja, fazer voto de pobreza, mas que precisa considerar a arte em sua totalidade, pensando em todas as suas funções e não somente na capacidade de produzir lucro e fama. Isso é coisificar a arte, torná-la um objeto de consumo e, como todos os objetos com esse fim, torná-la superfula, descartável, fútil e permitir que sua obra também seja jogada no lixo, depois que enjoarem dela e quiseram novidade. Para mim, como a arte trata do que existe de mais humano em nós, a sensibilidade, coisificá-la é coisificar a vida, o amor, Deus...
    Quero ser tocada, quero conseguir tocar, quero ser muito humana, muito sensível e me relacionar com quem tiver objetivos parecidos com os meus. Eu ainda acredito, tenho fé e continuarei tentando também...
    Gabi, socializa o seu blog também, deixe-nos ler e comentar suas reflexões. Beijos mil!

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  8. Concordo com seus pontos também.
    Enquanto ao Blog, ele está tão fraquinho... mais vou socializar sim:
    http://cafesophia.blogspot.com

    Beijos Amo você

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  9. Beijos, amo você também. Depois vou ler seu blog e comentar.

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  10. Bem, o que me toca é o trabalho que o interprete teve de realizar aquilo que ele propõe mostrar. No documentário da Fernanda Bevilaqua as interpretes perguntavam ao público que assistiam as suas apresentações, quanto tempo elas haviam levado para preparar aquilo. Muitas pessoas pensavam no imediato, 1 dia, 1 semana; elas surpreendiam o expectadores revelando que tinham levado 15 anos para preparar aquilo que elas haviam mostrado. Quero dizer com isso que o que me toca não é uma coreografia inovadora, não é o tipo de dança, mas sim o trabalho que se teve para se chegar até lá. Não é fácil perceber o trabalho que o intérprete teve para chegar até ali, principalmente quando não se conhece nada do grupo que se apresenta. E só mesmo quem também cria, quem vive no meio da dança ou da arte geral que sabe, que não é tão simples assim trabalhar num espetáculo.

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  11. Bom dia,

    Não acredito que o tema contribui muito para nós espectadores sermos tocados. O importante é os artistas se perguntarem "como farei com que o público se emocione de alguma forma com meu espetaculo?". Assim, idéias podem surgir para levar aqueles que estão dentro e fora do palco a ter algum tipo de reação.

    Abraços,
    Allan Tavares

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  12. Queria compartilhar com vocês, esse trecho da conversa que tive com a senhorita Angélica, via MSN, sobre o post...

    “(...) A sei lá, essa questão de publico é complicado, porque eu não penso que público seja zero, e não tenha ninguém, é uma questão de divulgação, de convite mesmo. Querendo ou não sabemos que as pessoas, em se tratando de 'massa' não são educadas para a arte, no sentido que, desde pequeno tenha contato com a mesma... Então essa questão de público, penso que seja uma conquista constante de vocês, que se predispõe a fazer arte. E os artistas bons do Brasil mesmo, não tem grandes públicos, comparados com uma família restart da vida, no entanto tem um público fiel, o que eu acredito ser mais importante do que números.” Angélica

    Achei importante compartilhar isso com vocês, porque se pararmos para de fato analisar a questão, vamos ver que ela tem razão, e razão até de sobra. O mais importante não é a quantidade, pois muitas vezes o muito é pouco e o pouco é muito.

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  13. Nossa, pensamento profundo esse descrito acima, realmente talvez o tocar que o artista desperte no outro seja uma conquista nossa enquanto artista.

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  14. Caro Allan, me surgiu uma dúvida a partir de seu post: o que garante que o que eu penso que toca alguém, realmente irá tocá-lo?
    Eu também concordo com você que não importa muito o tema do espétaculo para sermos tocados. Qualquer tema tem a capacidade de nos comover. Eu penso assim. E na verdade acredito que o artista, na hora de sua criação, não têm que ficar pensando o que fazer para tocar o público. A sua preocupação tem que ser com o que é verdadeiro para ele, como estar realmente presente em cena, o que é autêntico e honesto para ele. Acredito que o que é verdadeiro para alguém, toca o outro. Porque a verdade (não estou falando de verdade científica nem filosófica, por favor não me entendam mal) de alguém, comove e faz com que relacionemos o que está sendo mostrado com nossas questões. Há uma sintonia de essências, de verdades, de sentimentos, de sensações, uma troca de experiencias, mesmo que no silêncio, como é muitas vezes o caso da dança.

    Luis, eu entendi que o que te comove então é o processo, saber tudo o que o intèrprete fez para chegar até a sua obra. Eu também me comovo muito com isso, com o processo das pessoas e, consequentemente, com a biografia. Sou fã de biografias! Adoro saber o que as pessoas enfrentarem para se tornar quem são, para fazer o que fizeram, para viver da forma que vivem. A vida das pessoas, a luta, a persistencia, o sofrimento me comovem muito. Mas, em relação a gostar do processo, temos que tomar cuidado para não ficarmos dependentes de explicações. Ou seja, para não precisarmos das explicações dos artistas ou do bate-papo no final da apresentação para a gente ser tocado ou não. Isso pode fazer com que nos acomodemos, com que fiquemos anestesiados (com a sensibilidade anestesiada), e só desenvolvamos o intelecto, a razão, porque ficamos dependentes da explicação. Aí só o que tem explicação, o que tem um porquê, é capaz de nos comover. E penso que a arte não deve se preocupar muito com os porquês. Ela não precisa dar respostas, mas apresentar possibilidades, novas formas de sentir o mundo, de viver...

    Angélica e Gabi, concordo com vocês que o que importa é a qualidade do público e não a quantidade. Além disso, não podemos mesmo esperar um grande público num período de massificação cultural e grande insessibilidade.
    Agora pergunto: o que fazer quando mesmo o pequeno público está perdendo a capacidade de ser tocado, de se comover com as obras, porque já se "acostumaram" demais com a cultura e com a arte, já viram de tudo, e nada mais comove, porque analisa demais e por isso só apreende a superficialidade?

    Beijos mil...

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  15. Mãe isso é generalizar. Ninguém viu de tudo, se acostumaram-se é porque a própria cultura é massante sim, a arte é massante, e se tornou um produto comercializavél. Se só se aprende a superficialidade é porque o que se está vendo é superficial.
    Falta transcedentalização no movimento, algo além tecnica, tudo hoje é muito isso, tecnica, algo já pronto ou um movimento "parafraseado", sem sentimento.
    Até nas coisas fúteis, comercializáveis, massantes, superficiais, alguém é tocado, mesmo que seja com uma revolta da situação, ou com uma aceitação da mesma.
    A arte também tem que tocar o artista, acho que já disse isso mas vou repetir, se a pessoa que criou não se colocar na sua criação, então não adianta porra nenhuma (desculpa o termo) estar fingindo fazer arte.
    Bom para mim a questão é: Inovação. Como aplica-la, ai já é outra questão.
    Bom, basicamente é isso.

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  16. Ora, uma pessoa que afirma ter visto tudo, está totalmente embrutecida, ao ponto de ter ficado cega. Ver algo duas vezes, não é ver a mesma coisa, até porque sua percepção muda conforme você muda. E mudamos sempre todos os dias somos seres diferentes psicologicamente e fisicamente. Eu creio que a mudança não está no interprete mas sim na maneira de sentir das pessoas.
    Talvez possamos mudar esse sentir, transformando o modo como as pessoas enxergam a arte. A arte sempre foi tida com algo inacessível mesmo para aqueles que tem acesso. Vou explicar o que quero dizer com isso, uma bela pintura não pode ser tocada, sentida, modificada, os dançarinos à nossa frente num palco italiano se encontram distantes de nós como se não fossem seres humanos como nós, a música que só pode ser tocada por meios materiais aos quais muitos de nós não conhecemos as técnicas para dominá-los, a arquitetura que exige uma especialização superior, etc. Poderia citar uma série de outras coisas. Creio que talvez por isso as pessoas não se sintam tocadas, elas se sentem excluídas do processo criativo, se sentem excluídas da arte, sentem-se excluídas do processo criativo. Não se identificam com o outro ser humano que está no palco, não se identifica como autor de uma pintura, não se identifica como aquele dançarino. Penso que ao trazer o espectador para dentro do processo criativo, para dentro da obra, criar com o público, e fazê-lo mais artista e menos público, tocaria mais as pessoas.

    "O que se tornou perfeito, inteiramente maduro, quer morrer." Friedrich Nietzsche

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  18. Como ja fui inserida indiretamente na discursão, vou fazer algumas considerações.
    Sera que o fato das pessoas terem se "acostumado" com a arte não seja devido ao mesmismo apresentado ultimamente pelos artistas?Ao 'parafraseamento' como disse Gabrielle? Pois percebo que os artistas estão sempre preocupados de mais em o que o público vai 'pensar' e assim faz com que a caracter sensível da arte fique fora do palco. Como a Dili bem disse os porquês não pertencem a arte, penso que essa preocupação em agradar acaba prejudicando o espetáculo. Tanto os artistas como os expectadores precisam perceber que não é porque é arte que obrigatoriamente tem que se gostar, podemos gostar ou não de uma apresentação, gostar de um tipo de arte e de outro não.
    A arte é um eterno 'vir a sentir', posso ouvir uma musica varias vezes e sempre sentir algo diferente, ler um livro mais de uma vez e perceber na segunda leitura elementos novos, bem como sentir novas emoções nos elementos que ja tinha percebido na primeira leitura, esses dias reli um dos meus livros preferidos 'Através do Espelho' e agora me recordo de um fragmento que talvez traduza bem o que penso da arte..."Nós enxergamos tudo num espelho, obscuramente.Às vezes conseguimos espiar através do espelho e ter uma visão de como são as coisas do outro lado.Se conseguíssemos polir mais esse espelho, veríamos muito mais coisas.Porém não enxergaríamos mais a nós mesmos." Assim é a arte nos permite ‘espiar’ sentimentos que revelam a nós mesmos, mas penso que se conhecermos muito como arte 'funciona', como ela se faz ela perderia essa caracteristica inerente que é a 'revelação' de novas formas de sentir, e talvez seja isso que esteje acontecendo, antes de ir a uma obra eu me encho de informações e não me permito a espiar algo novo só tento ‘identificar’, ‘localizar’ o que eu já sei, o que a técnica me disse, e por isso provavelmente estamos tão apáticos perante a arte.
    É, não consigo me fazer mais clara que isso.

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  20. Bom se eu puder resumir em uma coisa o que me toca concerteza seria a arte que tenha uma identidade própria mesmo que ela seja crua e soe como algo "verde".

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