Adorei conhecer a dança Butô, ela permite o interprete entrar em contato com o próprio corpo, o corpo do interprete é livre para ser ele mesmo. O corpo no butô deseja restaurar o elo que existe entre o corpo e a alma sem muita racionalização. Durante o nosso processo criativo, muitas vezes fixamos nossa atenção apenas para a técnica que desejamos mostrar e esquecemos da nossa linguagem corporal, da nossa postura, da nossa alma e trabalhamos cada coisa como se estas fossem idéias separadas, totalmente desligadas umas das outras e não o são. O mais impressionante é sua relação com a dança contemporânea e sua relação com as idéias de Klauss Vianna, o corpo não pode ser trabalhado de forma independente, como se a mão, os olhos, o pé, fossem partes avulsas. Ao dançar devemos descobrir nosso corpo, devemos entrar em contato com nossa respiração, com nosso pulsar, para onde estamos olhando e porquê estamos olhando para lá; devemos resgatar nossa relação com o corpo e o estar no mundo. Quando dançamos ou nos envolvemos com qualquer outro tipo de coisa que nos trás a sensibilidade devemos nos descobrir naquilo, saber no que pensamos enquanto dançamos, em quais pontos no nosso corpo devemos realmente tensionar e relaxar. E creio que o maior desafio é conseguir entrar em contato com todo corpo, possuir uma consciência corporal que consiga perceber o corpo por completo. Nós somos partes que formam um todo que deve ser trabalhado e não um todo que formam partes que devem ser trabalhadas. Quando me refiro ao todo que deve ser trabalhado, me refiro também às emoções. Mas como podemos trabalhar essa ligação do corpo com as emoções se libertando de conceitos como cultura em massa e capitalismo selvagem?
Filho, o butô de fato é uma dança que nos permite perceber mais profundamente o nosso corpo, considerando-o como um todo que deve ser trabalhado em sua inteireza. Isso acontece também por causa dos temas que essa dança trabalha, ou seja, temas profundos como a vida e a morte, que são o cerne das reflexões humanas. Para trabalhar essa inteireza (o corpo conectado com a mente, as emoções, o espírito e tudo o mais que definimos como parte de nós humanos), tentando nos libertar de conceitos - não só teoricamente, mas essa cultura massificada impregna nossa vida - como cultura de massa e capitalismo selvagem precisamos sentir, respirar, ser presença, nos conectar com o todo e sermos um todo. Muitas vezes não é apenas o capitalismo selvagem que nos coisifica e nos fragmenta, mas nós mesmos não conseguimos nos enxergar como um todo, devido à nossa necessidade constante de nos definir, nos classificar, escolher um "único" caminho de vida, um "único" jeito de ser, etc. Então nos inspiremos no butô (pesquisem sobre o seu mestre Kazuo Ohno, que morreu dia 01/06/2010, aos 103 anos) e em Klauss Vianna, muito bem citado pelo Luis, lendo o seu livro "A dança" e pesquisando sobre a sua história. Além desses, procurem conhecer e se inspirar em todas as pessoas que vivem intensamente a sua vida, buscando ser inteiras e honestas consigo mesmas. Mas cuidado, porque essas pessoas não estão apenas nos livros, nos vídeos, nos museus, nas universidades, nas fotografias, nos anais, mas podem estar em todos os lugares, inclusive bem próximas de nós. Por isso não devemos focar na aparência, mas no conteúdo das pessoas; há sábios em todas as classes sociais. Para termos essa perspicácia, vamos nos espantar com o mundo, descobrindo-o a cada dia, aguçando a nossa curiosidade e nos entusiasmando ( a palavra entusiasmo vem do grego e significa literalmente “carregando deus no interior, dentro de si” ou “possuído pelo senhor interior”, já que a sílaba EN é “em, dentro ou possuído”. e THEOS é “Deus”). Beijos...
Adorei conhecer a dança Butô, ela permite o interprete entrar em contato com o próprio corpo, o corpo do interprete é livre para ser ele mesmo. O corpo no butô deseja restaurar o elo que existe entre o corpo e a alma sem muita racionalização. Durante o nosso processo criativo, muitas vezes fixamos nossa atenção apenas para a técnica que desejamos mostrar e esquecemos da nossa linguagem corporal, da nossa postura, da nossa alma e trabalhamos cada coisa como se estas fossem idéias separadas, totalmente desligadas umas das outras e não o são. O mais impressionante é sua relação com a dança contemporânea e sua relação com as idéias de Klauss Vianna, o corpo não pode ser trabalhado de forma independente, como se a mão, os olhos, o pé, fossem partes avulsas. Ao dançar devemos descobrir nosso corpo, devemos entrar em contato com nossa respiração, com nosso pulsar, para onde estamos olhando e porquê estamos olhando para lá; devemos resgatar nossa relação com o corpo e o estar no mundo. Quando dançamos ou nos envolvemos com qualquer outro tipo de coisa que nos trás a sensibilidade devemos nos descobrir naquilo, saber no que pensamos enquanto dançamos, em quais pontos no nosso corpo devemos realmente tensionar e relaxar. E creio que o maior desafio é conseguir entrar em contato com todo corpo, possuir uma consciência corporal que consiga perceber o corpo por completo. Nós somos partes que formam um todo que deve ser trabalhado e não um todo que formam partes que devem ser trabalhadas. Quando me refiro ao todo que deve ser trabalhado, me refiro também às emoções. Mas como podemos trabalhar essa ligação do corpo com as emoções se libertando de conceitos como cultura em massa e capitalismo selvagem?
ResponderExcluirFilho, o butô de fato é uma dança que nos permite perceber mais profundamente o nosso corpo, considerando-o como um todo que deve ser trabalhado em sua inteireza. Isso acontece também por causa dos temas que essa dança trabalha, ou seja, temas profundos como a vida e a morte, que são o cerne das reflexões humanas. Para trabalhar essa inteireza (o corpo conectado com a mente, as emoções, o espírito e tudo o mais que definimos como parte de nós humanos), tentando nos libertar de conceitos - não só teoricamente, mas essa cultura massificada impregna nossa vida - como cultura de massa e capitalismo selvagem precisamos sentir, respirar, ser presença, nos conectar com o todo e sermos um todo. Muitas vezes não é apenas o capitalismo selvagem que nos coisifica e nos fragmenta, mas nós mesmos não conseguimos nos enxergar como um todo, devido à nossa necessidade constante de nos definir, nos classificar, escolher um "único" caminho de vida, um "único" jeito de ser, etc.
ResponderExcluirEntão nos inspiremos no butô (pesquisem sobre o seu mestre Kazuo Ohno, que morreu dia 01/06/2010, aos 103 anos) e em Klauss Vianna, muito bem citado pelo Luis, lendo o seu livro "A dança" e pesquisando sobre a sua história. Além desses, procurem conhecer e se inspirar em todas as pessoas que vivem intensamente a sua vida, buscando ser inteiras e honestas consigo mesmas. Mas cuidado, porque essas pessoas não estão apenas nos livros, nos vídeos, nos museus, nas universidades, nas fotografias, nos anais, mas podem estar em todos os lugares, inclusive bem próximas de nós. Por isso não devemos focar na aparência, mas no conteúdo das pessoas; há sábios em todas as classes sociais. Para termos essa perspicácia, vamos nos espantar com o mundo, descobrindo-o a cada dia, aguçando a nossa curiosidade e nos entusiasmando ( a palavra entusiasmo vem do grego e significa literalmente “carregando deus no interior, dentro de si” ou “possuído pelo senhor interior”, já que a sílaba EN é “em, dentro ou possuído”. e THEOS é “Deus”).
Beijos...