Meu modo de existir é a dor.
Nesse estado mergulho e fujo da vida;
salto no abismo...
com a segurança de que vou para o mundo,
que crio na doçura do poema.
Vejo dolorosamente a beleza.
É belo sentir fundo,
intenso,
verdadeiro,
na carne,
vermelha.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
- Alo, câmbio?
- Alô.
- Eu sei que estão me vendo, porque hoje eu nasci.
Nasci e sei que me viram nascendo,
porque surgi com membros adultos,
carnes tenras,
olhos atentos
e mente cansada.
Cansada de tanto ensaiar uma vida que existia somente em meu útero,
que me gerava
em uma gestação de eternidade,
de demora,
de sonhos não nutridos...
Não podiam crescer,
assim atrofiaram em suas múltiplas possibilidades.
Podiam tudo,
queriam o mundo,
mas se não nasciam não eram.
E hoje, na intensidade do verão, o rosa deu lugar ao nu e cru da realidade.
Ser real é aceitar os limites,
é buscar a diferença na pequenez de nossa existência,
é tornar gigante o ínfimo,
é aceitar a não identidade entre o fato e a narrativa do fato.
Fato: feto feito.
Nasci com a dor nas mãos;
no centro, nas palmas, na consciência de que não há mais como desnascer...
E a dor, olhando para meu rosto assustado,
teve vertigem de flor.
Mas como sagrar a minha primavera?
Como florescer portando a dor do mundo?
- Alo, câmbio, é aí que mora um coração? Como posso reencontrá-lo?
- Segue sendo...
- Alô.
- Eu sei que estão me vendo, porque hoje eu nasci.
Nasci e sei que me viram nascendo,
porque surgi com membros adultos,
carnes tenras,
olhos atentos
e mente cansada.
Cansada de tanto ensaiar uma vida que existia somente em meu útero,
que me gerava
em uma gestação de eternidade,
de demora,
de sonhos não nutridos...
Não podiam crescer,
assim atrofiaram em suas múltiplas possibilidades.
Podiam tudo,
queriam o mundo,
mas se não nasciam não eram.
E hoje, na intensidade do verão, o rosa deu lugar ao nu e cru da realidade.
Ser real é aceitar os limites,
é buscar a diferença na pequenez de nossa existência,
é tornar gigante o ínfimo,
é aceitar a não identidade entre o fato e a narrativa do fato.
Fato: feto feito.
Nasci com a dor nas mãos;
no centro, nas palmas, na consciência de que não há mais como desnascer...
E a dor, olhando para meu rosto assustado,
teve vertigem de flor.
Mas como sagrar a minha primavera?
Como florescer portando a dor do mundo?
- Alo, câmbio, é aí que mora um coração? Como posso reencontrá-lo?
- Segue sendo...
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Para aqueles que tem a intensidade na essência...
http://www.youtube.com/watch?v=mWIwX4ep2I4&feature=youtube_gdata_player
"Viver doeu tanto em mim,
que nasceu um beija-flor.
Tem asas tão ágeis e certeiras!
E o dom de apaziguar as tempestades...
Aprendeu a voar.
Teve medo do céu.
Mas viu que o azul era da cor do seu coração.
Bastou deixar o coração colorir todo o seu corpo...
Ficou tudo leve
E o voo existiu sem penar.
Pena?
Senti pena de mim!
Mas da pena surgiu a possibilidade de voar" (Dili).
"Entendi.
Meu coração não bate:
salta,
gira,
dança o desassossego
da minha alma de criança.
Pensei que viver era uma ciranda.
Quis brincar de existir.
Mas outras crianças
careciam de infância.
Abri o peito,
vesti as asas
e fui brincar com as nuvens" (Dili).
http://www.youtube.com/watch?v=mWIwX4ep2I4&feature=youtube_gdata_player
"Viver doeu tanto em mim,
que nasceu um beija-flor.
Tem asas tão ágeis e certeiras!
E o dom de apaziguar as tempestades...
Aprendeu a voar.
Teve medo do céu.
Mas viu que o azul era da cor do seu coração.
Bastou deixar o coração colorir todo o seu corpo...
Ficou tudo leve
E o voo existiu sem penar.
Pena?
Senti pena de mim!
Mas da pena surgiu a possibilidade de voar" (Dili).
"Entendi.
Meu coração não bate:
salta,
gira,
dança o desassossego
da minha alma de criança.
Pensei que viver era uma ciranda.
Quis brincar de existir.
Mas outras crianças
careciam de infância.
Abri o peito,
vesti as asas
e fui brincar com as nuvens" (Dili).
sábado, 10 de novembro de 2012
"Minha arte me pulsa.
Se entra é porque foi pra fora o meu olhar.
Posso do conforto voar.
Dentro, dentro, dentro...
Mas encontra o pulo mais distante,
aquele que me leve para o êxtase.
Poder viver do que crio pelas entranhas.
As entranhas que brilham
são da cor das minhas escolhas
que fiz agora e na eternidade que respirei.
Se entra é porque foi pra fora o meu olhar.
Se sai é porque um olhar não pode se estreitar.
Estreito sofre de anorexia de desejo.
Posso do conforto voar.
Posso do gostoso viver.
Porque é da minha sensação viva
que a arte surge.
É do sentir,
da vibração da carne,
que dou luz à forma bela da vida.
Pequena ou grande" (Dili)
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